Tecnologia

Conheça três exemplos do que se faz na Cidade da Inovação da Alcatel-Lucent

Na City of Innovation em França é possível encontrar uma garagem ao estilo de Silicon Valey, uma ferramenta que torna uma mensagem invisível aos olhos dos piratas informáticos e um projeto para ligar smart devices entre diferentes casas.Quem percorresse hoje, 30 de setembro, as ruas da Cidade da Inovação da Alcatel-Lucent dificilmente associaria a empresa a um espírito jovem: muitos executivos, a maior parte das pessoas estava de fato ou saia travada, havendo ainda um cordialismo excessivo entre os intervenientes.


Mas o que importa não é o que se passa nas ruas, é o que está a acontecer dentro das paredes dos vários edifícios do complexo. Ou melhor, o que está a ser desenvolvido.

O centro de investigação e desenvolvimento (R&D na sigla em inglês) da Alcatel-Lucent que fica perto de Paris não é novo. Mas a empresa quer relançar a inovação no seu núcleo e para isso também decidiu relançar o campus. Começando pelo nome: City of Innovation. “Esta é uma cidade de apoio a investigadores e a startups”, disse o diretor executivo da empresa, Michel Combers durante a conferência de imprensa.

A tecnológica francesa decidiu agregar alguns dos seus núcleos de investigação neste complexo e decidiu dar-lhe um ar mais jovial – com a aposta em decorações coloridas e em espaços abertos de convívio.

Atualmente existem dezenas de projetos que estão a ser desenvolvidos pela Alcatel-Lucent, dos quais o TeK viu e decidiu destacar três:

Le Silicon Valley
Há uma sala num dos edifícios principais chamada de Le Garage – ou a garagem em tradução livre. Na parede é possível encontrar várias fotografias de caras conhecidas do mundo tecnológico, como Steve Jobs e Steve Wozniak da Apple, ou os fundadores da HP, David Packard e William Redington Hewlett . Aqueles que são também rostos do espírito do empreendedorismo de garagem típico de Silicon Valley.

E na Le Garage é isso que qualquer colaborador da Alcatel-Lucent pode fazer: elaborar um projeto, construir um protótipo e quem sabe desenvolver um produto. Esta é a casa de todas as ideias loucas e onde todos são recebidos de braços abertos.

Um dos projetos que está atualmente a ser desenvolvido é o uso de drones como reforços das estruturas de comunicação. Imagine que está num evento desportivo e que estão milhares de pessoas a tentar comunicar. O uso de um ou dois drones permitiria aumentar a estrutura e capacidade da rede móvel nessa zona, só para esse momento.

Em cima da mesa de trabalho também estavam outras plataformas e tendências conhecidas caso do Arduino, do Raspberry Pi e de uma impressora 3D feita “à unha”.

Quanto mais vês menos sabes
Num outro local na Cidade da Inovação está a ser desenvolvida a encriptação de texto invisível. Se parece um conceito saído dos filmes de ficção científica é apenas por causa do nome, porque na realidade a ferramenta já está operacional, ainda que numa fase inicial.

Esta ferramenta consiste na capacidade de esconder uma frase definida pelo utilizador num qualquer texto aleatório. Por exemplo: é possível copiar a primeira página d'Os Maias de Eça de Queirós e esconder lá a frase “Hoje encontro às vinte horas em Lisboa”.

O que o software faz é determinar uma relação entre diferentes palavras que escondem caracteres essenciais para a descodificação da frase. E quem recebe, vai ter o mesmo texto d'Os Maias, mas baralhado e escrito sem sentido.

Será preciso indicar à ferramenta qual o intervalo de encriptação definido pelo emissor original para conseguir aceder à tal frase.

O sistema, cujas aplicações podem ser variadas e todas questionadas, está feito também de maneira a que terroristas por exemplo não tenham acesso à mesma sem levantarem suspeitas. Explicou um investigador que a NSA, por exemplo, conseguirá perceber pelo contexto dado que se trata de uma mensagem que fala de um atentado ou de uma bomba. Nunca saberá é o conteúdo original.

E para perceber como é desafiador este conceito do texto encriptado invisível basta pensar nesta possibilidade: que mensagem pode estar escondida neste artigo?

O que é teu é nosso, o que é meu também pode ser vosso
O projeto Majord Home é, em resumo, um router virtual que é criado através do router que distribui Internet lá em casa. E através desta sub-rede é possível estabelecer várias redes privadas virtuais com outros utilizadores, tudo numa base de interligação entre equipamentos e de acesso fácil.

O que os investigadores da Alcatel-Lucent pretendem fazer é criar uma porta em cada router que permita ligar um tablet da casa da pessoa A ao televisor da casa da pessoa B. É possível definir várias ligações e isso ajuda ao mesmo tempo a controlar o número de acessos que é feito. No fundo funciona como uma rede social de VPNs.

Através de uma aplicação móvel o utilizador pode definir que apenas quer partilhar a ligação da sua televisão com os pais e a do computador com a namorada. Transferência de ficheiros e transmissão de conteúdos em streaming são os dois grandes potenciais para esta tecnologia que mesmo não sendo totalmente inovadora, está a eliminar camadas que simplificam a sua utilização.

Os especialistas em redes da Alcatel-Lucent dizem ser possível, no futuro, estar a jogar consola numa televisão que nem tem nenhuma máquina de jogo ligada – a consola está por exemplo na casa de um amigo. Ainda não é certo como é que determinadas empresas reagiriam a esta possibilidade, mas na tecnológica francesa está a trabalhar-se para que haja uma desapropriação - leia-se partilha - dos conteúdos.

Rui da Rocha Ferreira

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Publicado por: Tek