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O que explica a “situação complexa” da Covid-19 em Lisboa? É caso para alarme?

Com 211 dos 219 casos positivos (96%) nas últimas 24 horas, a zona de Lisboa e Vale do Tejo é complicada de gerir, assumiu a diretora-geral da Saúde

O que explica a “situação complexa” da Covid-19 em Lisboa? É caso para alarme?


Com cerca de 3,7 milhões de residentes distribuídos por 52
concelhos e 355 freguesias a região de Lisboa e Vale do Tejo está
agora no centro das preocupações da Direção-Geral de Saúde
devido à constante subida de novos casos.

Se, na semana passada era responsável por 75% dos positivos diários, hoje chegou aos 96%. Não é caso para alarme, dizem os especialistas, mas é preciso perceber o que está em causa.

Para Gustavo Tato
Borges, vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos de
Saúde Pública, há quatro fatores que explicam a complexidade desta
região: grande densidade populacional, testagem mais tardia,
deslocações casa/trabalho e algum alívio nas medidas de proteção
individual.

O médico recorda que “o Norte começou a testar mais cedo, até porque houve casos mais cedo, mas houve um certo atraso em Lisboa”. Por si só, isto não justificaria o aumento, mas o caldeirão de elementos faz com que a situação tenha de ser analisada com cautelas.

“É uma zona onde
há muitos dormitórios com grande densidade populacional e, também,
com agregados familiares maiores”, explica, lembrando que quando
alguém sai de casa para ir trabalhar tem, sempre, de pensar que no
regresso ao lar pode trazer consigo o vírus. O cansaço que já se
vai verificando, nota, leva a que algumas pessoas comecem a
“aligeirar” as medidas de contenção, como beijos e abraços.

O desconfinamento e,
consequentemente, o regresso ao trabalho de milhares de pessoas, são
fatores de risco. Porque, como notou a diretora-geral da Saúde na
conferência diária, “muitas destas pessoas vivem num local e
trabalham noutro, portanto a vigilância implica vigiar o local de
trabalho e o local de habitação.”

Graça Freitas
sublinhou que este aumento em Lisboa e Vale do Tejo “deve-se a
alguns fatores, entre eles alguns surtos mais ou menos localizados”.
E explicou: “Na área dos centros de saúde de Almada e Seixal,
temos três pequenos focos comunitários que têm identificadas 32
pessoas como positivas.” Um dos “focos”, confirmou, é no
Bairro da Jamaica, no Seixal, onde já estão contabilizados 16 casos
de contaminação.

As autoridades de saúde do Seixal e de Almada estão em campo para identificar novos infetados nos bairros onde foram identificados estes surtos “e nos aglomerados familiares destas pessoas”.

A região de Lisboa
e Vale do Tejo tem, neste momento, 43% dos casos que estão em
vigilância pela DGS. São 11 359 pessoas em contacto permanente com
as autoridades sanitárias, muitas delas relacionadas com estes focos
com o objetivo de quebrar a cadeia de contaminação.

Quanto à situação na Azambuja, onde existe uma plataforma logística, estão confirmadas 125 pessoas positivas, mas a situação encontra-se “estável e controlada”, referiu Graça Freitas.

Publicado por: VISAO

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