"Amália Rodrigues foi uma das primeiras vítimas de fake news"

Amália foi, durante os primeiros meses de liberdade, vítima de ataques, calúnias, mentiras e meias-verdades. Foi esta a mensagem principal da sessão de apresentação da VISÃO Biografia sobre Amália, no Museu do Fado

Reposição da verdade sobre Amália e a sua dimensão social, humana e política, que estava por contar. Foi esta a mensagem que ficou da sessão de apresentação da VISÃO Biografia sobre Amália Rodrigues, que decorreu no Museu do Fado, em Lisboa. Nesta sessão, uma emotiva apresentação de lotação esgotada, participaram Sara Pereira, anfitriã e diretora do Museu, Mafalda Anjos, diretora da revista, Nicholas Oulman, filho de Alain Oulman, e Miguel Carvalho, jornalista da VISÃO e autor da investigação "Amália: a História Secreta".

Leia a transcrição da intervenção de Miguel Carvalho:

"Amália Rodrigues foi uma das primeiras vítimas de fake news e da desinformação do pós-revolução. E, como sabem aqueles que com ela lidaram de perto, nunca se libertou desse desgosto.

Por preconceito, inveja e oportunismo, Amália foi, durante os primeiros meses de liberdade, vítima de ataques, calúnias, mentiras e meias-verdades que hoje nos habituamos a ver difundidas noutras plataformas, de forma mais refinada.

Ela podia ter-se defendido com argumentos de peso.

Podia ter trazido nomes, circunstâncias e episódios a terreiro para se defender de algumas monstruosidades. Mas a tudo resistiu, certa da sua arte, da sua condição e integridade. Não em silêncio, é certo, mas nele guardando e preservando verdades, nomes e acontecimentos que só a dignificam e se tornaram incómodos para outros.

Amália foi acusada de ser “a Princesa da PIDE”, como se pode ler numa denúncia anónima que está na Torre do Tombo e reproduzimos nesta edição. Foi acusada de prestar vassalagem à ditadura, de ter um túnel entre a sua casa e a residência oficial do ditador Salazar e mais umas quantas narrativas.

Publicado por: Visão