Frutos, ervas aromáticas e leguminosas desconhecidos que vai querer provar

Das raízes gastronómicas portuguesas, a Otoctone recupera aromáticas e leguminosas caídas em desuso e desconhecidas da grande maioria

Esta é uma história que começa há quatro anos, numa pequena aldeia da Beira Baixa, onde Álvaro Dias, açoriano da ilha Terceira, teve a oportunidade de conhecer um condimento ancestral. "À conversa com uma senhora que estava a cozinhar, reparei numa erva que ela usava no tempero", conta Álvaro.

"E perguntei-lhe o que era." Era o serpão, uma erva aromática que os habitantes da terra plantavam em vasos ou no quintal e que, disse a senhora, era usada em alguns pratos típicos da aldeia. Meses mais tarde, na Ilha Terceira, Álvaro foi apresentado a um senhor de idade avançada, a quem muitos recorriam, atendendo aos seus conhecimentos no que respeita ao uso de ervas, tanto na culinária, como para fins medicinais.

Entre explicações, chamou-lhe a atenção uma flor avermelhada cujos estames serviam para preparar alguns petiscos locais, como as favas com "molho de unha" que se comiam nas antigas tabernas. Era o açaflor, ou açafroa como lhe chamam noutras ilhas, ou cártamo, designação que toma no Alentejo, onde é usado para fazer arroz amarelo.

Em conversa com amigos, percebeu que ninguém conhecia estes condimentos, mas todos ficavam de curiosidade desperta para experimentar os seus sabores. Seguiram-se pesquisas sobre outros produtos esquecidos, fornecedores e estudos de mercado.



RESPONSABILIDADE SOCIAL

A Otoctone estabeleu uma parceria com a Cercica (Cercis de Cascais) que assegura a produção do serpão e, em breve, de outras ervas aromáticas.




E assim nasceu a Otoctone o nome resulta da impossibilidade em registar a palavra "autóctone" que, por ser nome comum, não pode ser utilizada com sede na Ilha Terceira, "a puxar" às origens de Álvaro, mas também porque é destas ilhas que muitos dos produtos são originários.

Além do serpão e do açaflor, a Otoctone foi buscar outras ervas aromáticas como a nêveda, o funcho e a erva virgem dos Açores, às quais juntou o lódão e a banana também das ilhas, os chícharos de Alvaiázere, a feijoca de Manteigas. E porque se trata de produções em pequena escala, outros produtos, como as passas de cereja, hão de chegar, ao ritmo do ano agrícola.



À ESCOLHA

Para já, a Otoctone vende produtos portugueses, mas o objetivo é alargar a oferta a outros, de origem africana e brasileira

SerpãoSemelhante ao tomilho, mas de sabor mais delicado, pode usar-se em marinadas ou para rematar um prato. €6

Açaflor/AçafroaCondimento de sabor forte ideal para tempero de peixes, assados no forno, sopas ou molhos dá aos pratos uma cor amarelo dourada. €9

FeijocaA sua textura aveludada acrescenta valor a qualquer prato, dos principais às sobremesas. €5

ChícharoMuito versátil, combina com pratos tradicionais, substituindo o feijão. €6

Banana seca dos AçoresDa variedade Pequena Anã, tem sabor concentrado e textura irresistível. €6

LódãoBaga doce, de sabor próximo ao da tâmara. €9

NêvedaCom sabor a limão-menta e uma doce e fresca fragrância. Em algumas regiões do continente é usada para temperar azeitonas. €6

Funcho dos AçoresDe gosto muito suave, é ideal para marinadas de carne, peixe grelhado e pratos vegetarianos. €6

Erva virgemAroma oceânico, com notas de salinidade, pode ser usada para cortar a gordura de alguns pratos e juntar a ingredientes picantes. €6




ONDE COMPRAR

www.otoctone.pt

, www.adegagourmet.com

, Loja Açores e Sister's Gourmet, em Lisboa, Néctares D'Aldeia, em Oeiras, Mercearia 29, em Carcavelos , e Espaço Porto Cruz, em Vila Nova de Gaia

Publicado por: Visão